quarta-feira, 18 de julho de 2012

ELIS, NA HORA CERTA




Muitas pessoas conhecem aquela sensação, aquela vozinha dizendo para fazer algo, e enquanto não fizermos, não sossegamos. Aconteceu isso comigo, mas em relação à Elis Regina.

Há uns anos atrás, na minha adolescência, eu era (e continuo sendo) um apreciador voraz de música, onde ouvia amorosa e respeitosamente o que chegava a mim, independente de sua origem. Seja MPB, Heavy Metal, enfim... estaria conhecendo.

Até que alguma coisa me dizia: “Procure Elis Regina!” Parece até um papo de médium, quando psicografa algo do além. Mas, juro que foi bem assim. No entanto, eu conhecia algumas coisas do MPB por intermédio de meu pai e minha mãe, como Belchior, Milton Nascimento, Fagner e Guilherme Arantes. Mas só tinha escutado a respeito de Elis, há tempos antes, como “a maior cantora do Brasil”. E só.

Numa manhã de domingo, estava indo até a casa de meu pai, que morava em outro lugar, quando entrei em uma banca de jornal. E em um dos jornais à venda, tinha certa coleção de cd’s que vinham individualmente a cada domingo, juntamente com uma pequena revista sobre o artista. Elis era a artista da coleção naquele domingo, e num impulso automático acabei comprando o jornal e o cd. Contudo, só ouvi o disco no dia seguinte, pois queria dar a devida atenção ao meu “velho”, além de “meu querido” e “meu amigo”.

Ao ouvir o disco extraído de um show ao vivo em 77/78 – provavelmente em São Paulo – tive um impacto muito grande. Pois jamais tinha conhecido algo igual. Como ela podia cantar todas aquelas letras, com uma força que vinha das entranhas? Como ela colocava aquela suavidade toda, que nos dava a sensação de ser acariciado por uma mão quente? De onde vinha aquela graça e alegria, que ela injetava nos sambas que cantava impecavelmente? Mil perguntas tomaram meu cérebro enquanto ouvia, repetidamente, aquele disco – e outros em vinil que adquiri posteriormente. A curiosidade me fez ir à Biblioteca mais próxima e procurar um livro sobre ela. E achei: “Furacão Elis” de Regina Echeverria. Li o livro em uma semana e meia, onde sorri, me indignei e chorei muitas vezes, enquanto passava as páginas.


Certas perguntas que eu tinha não foram, e jamais serão respondidas, pois são coisas que ela levava dentro de si. Mas o necessário eu sei. Elis fez o que fez por amar tudo aquilo, por amar a música, e fazer de sua voz um ótimo veículo para transmissão de idéias e palavras que muitas pessoas estavam necessitadas de ouvir. Mais que isso, ela levou o sentimento às pessoas, através de seu canto versátil e definitivo.

Elis fazia tudo intensamente, sabendo exatamente o que (e como) queria, com coragem suficiente de dizer um “não” quando precisasse, e alegaria seus motivos na frente de qualquer um. Afinal de contas, ela não devia nada a ninguém. Para se ter essa postura, é preciso muita personalidade. Personalidade que a acompanhou, e a definiu absolutamente, na vida e na música. Mesmo tendo partido cedo, ela fez jus ao tempo que viveu, para tornar sua obra atemporal e definitiva.

Na minha humilde opinião, toda cantora que se preze deve aprender algo com Elis. Não estou dizendo para não se espelhar em outras cantoras. Não é isso! Tanto que amo o trabalho de muitas cantoras contemporâneas de Elis, como Nara Leão, Maria Bethânia e Clara Nunes. Essas que citei tem seu valor e lugar na música brasileira, de uma maneira particular. Mas Elis foi a que teve uma qualidade muito rara, até nas cantoras iniciantes de hoje: a ousadia. Tem muita gente fazendo o “mais do mesmo”, e não ousam, não tem coragem de fazer algo mais criativo. Não tem que ter medo de experimentar possibilidades, ou de achar que não vai ser legal, que as pessoas não vão gostar. Pelo contrário. O importante é ser autêntico, ser você mesmo e fazer o que acha certo. E muitas pessoas, com certeza, vão se identificar com o que você passa.


Com esse pensamento, eu procuro fazer meu trabalho de maneira íntegra, extraindo o melhor possível. Como músico, costumo dizer que Elis é minha principal inspiração. Bendita hora em que aquela “voz” soprou em meu ouvido. 











Um comentário:

  1. ...traigo
    ecos
    de
    la
    tarde
    callada
    en
    la
    mano
    y
    una
    vela
    de
    mi
    corazón
    para
    invitarte
    y
    darte
    este
    alma
    que
    viene
    para
    compartir
    contigo
    tu
    bello
    blog
    con
    un
    ramillete
    de
    oro
    y
    claveles
    dentro...


    desde mis
    HORAS ROTAS
    Y AULA DE PAZ


    COMPARTIENDO ILUSION
    MAEL JULIA

    CON saludos de la luna al
    reflejarse en el mar de la
    poesía...




    ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE ZOMBIS, EXCALIBUR, DJANGO, MASTER AND COMMANDER, LEYENDAS DE PASIÓN, BAILANDO CON LOBOS, THE ARTIST, TITANIC…

    José
    Ramón...


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